CRISTÓVÃO AYRES
( Portugal )
Cristóvão Aires [de Magalhães Sepúlveda] nasceu em Ribandas, Goa, a 27 de Março de 1854 e faleceu em Lisboa a 10 de Junho de 1930, no posto de coronel de cavalaria, reformado. Viria a ser lente na Escola de Guerra. Depois de ter estudado os primeiros anos na Índia veio para Portugal por influência do conde de S. Januário, ao tempo aí governador e a expensas do subsídio das Câmaras Agrárias de Goa. Foi o poeta Tomás Ribeiro quem encaminhou Cristóvão Aires, nos primeiros passos, ao chegar a Portugal. O autor do D. Jaime havia tido ocasião de apreciar, quando estava no Oriente, o desabrochar do seu talento que veio a dar ao país milhares de páginas para a história nacional, nomeadamente na sua vertente de estudos sobre o exército. Cristóvão Aires assentou praça, como voluntário, no Batalhão de Caçadores nº 5, em Novembro de 1872, foi promovido a alferes graduado em 1876 e a coronel em 1911. Passaria à reserva em 1913. Foi casado com Maria do Carmo, irmã da escritora e poetisa Maria Amalia Vaz de Carvalho. A sua convivência familiar com esta escritora inseriu-o no convívio com uma tertúlia de que faziam parte destacados intelectuais da época, como Gonçalves Crespo. Fez o curso de infantaria e cavalaria da Escola do Exército, onde foi sempre premiado tendo pertencido ao estado maior da sua arma. Matriculou-se, depois, no Curso Superior de Letras, onde obteve elevadas classificações em cadeiras de Literatura, de Filosofia e de História. Entrando na política, filiou-se no Partido Regenerador, sendo eleito deputado por três vezes. Exerceu os cargos de governador civil de Bragança e de promotor de justiça do 2° conselho de guerra da 1ª divisão. O seu elogio histórico na Academia das Ciências foi proferido pelo seu sucessor, o professor Mosés Bensabat Amzalak. Cristóvão Aires dedicou-se ao jornalismo e fez parte da redacção do Jornal do Comércio e das Colónias, de que viria a ser director durante muitos anos. Lembrando a sua origem, define a sua inclinação: «Índio de nascimento, quero à Índia como berço meu amado; português pelo sangue, uso o apelido de um dos heróis da grande epopeia da nossa raça». A obra impressa deixada pelo historiador abrange quase todos os ramos da literatura e colaborou em diversas revistas literárias. Poeta das Indianas e dos Novos Horizontes, é um contista nas suas Longínquas. Onde, todavia, se revela como ensaísta de valor é na sua História do Exército onde se situa como um historiador consciencioso e imparcial. Cristóvão Aires aliava ao seu espírito crítico a qualidade de infatigável investigador. Os volumes de Provas que documentam a sua História são fontes valiosas para os actuais investigadores. É, no entanto, de salientar a ausência de índices remissivos que facilitariam e valorizariam a consulta deste importante estudo.
Leia a biografia em:
https://dichp.bnportugal.gov.pt/imagens/aires.pdf
LIVRO DOS POEMAS. LIVRO DOS SONETOS; LIVRO DO CORPO; LIVRO DOS DESAFOROS; LIVRO DAS CORTESÃS; LIVRO DOS BICHOS. Org. Sergio Faraco. Porto Alegre: L.P. & M., 2009. 624 p. ISBN 978-85-254-1839-1839-5 Ex. bibl. Antonio Mirand
LÉSBIA*
Não há olhar mais doce
nem mais formosa boca,
nem mais suave e etérea formosura;
porém no olhar dessa criança louca
nem o reflexo duma crença pura!
E como se ele fosse
talhado em pedra dura.
Aquele sei dela, essa riqueza
que não tem outro igual em toda a Terra,
aquele coração onde ela encerra
tão gelados desdéns, tanta frieza,
aquela boca, coralínea taça,
que pede beijos e recusa a dá-los,
aquele altivo olhar que faz vassalos
por onde passa,
todos esse prodígios de beleza,
todo esse imenso abismo da desgraça,
quem os quiser possuir... há de comprá-los!
*A musa do poeta latino Caio Valério Catulo (87-54 a.C.)
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Página publicada em fevereiro de 2023
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